Valor semântico
Alguns dos autores de Gramáticas Normativas ressaltam que o morfema indicador de grau diminutivo pode admitir diferentes valores. Rocha Lima afirma que “em regra, os diminutivos encerram idéias de carinho; (...) Há também alguns que funcionam como pejorativos, como em ‘livreco’”[1].
Entretanto, como lembra Celso Cunha, “... se encontra no sufixo diminutivo um meio estilístico que elide a objetividade sóbria e severidade da linguagem, tornando-a mais flexível e amável, mas às vezes mais vaga”[2].
O presente trabalho tem por objetivo, portanto, verificar quais são os possíveis valores semânticos dos sufixos –inho e –zinho, tradicionalmente classificados como diminutivos, em vocábulos da Língua comum dos pescadores artesanais do Norte Fluminense.
Delimitar-se-ão alguns fatores que possam apontar para alguma forma de sistematização do uso de tais morfemas, amenizando, de alguma maneira, a omissão com relação a questões semânticas que envolvem tais morfemas.
Para tanto, utilizou-se o corpus do Projeto APERJ — Atlas Etnolingüístico dos Pescadores do Estado do Rio de Janeiro —, constituído de entrevistas (gravadas in loco) com pescadores artesanais, de pouca ou nenhuma escolaridade.
METODOLOGIA
Foram selecionados, a partir da consulta ao corpus do Projeto APERJ, os itens que apresentaram os sufixos –inho e -zinho (e suas flexões) com valor semântico tanto de diminutivo como de perojatitivade, de afetividade e de intensidade, sendo, cada um deles, distribuídos por diferentes tabelas.
Os dados selecionados partiram de informantes de todas as faixas etárias em três ambiências, sendo duas localidades de pesca lacustre (SBE e PGF), duas de pesca marítima (BIT e ATA) e duas de pesca fluvial (ITO e SJB).
Durante a análise do corpus, os fatores que se mostraram mais eficientes para a formulação de algumas hipóteses foram a “localidade”, a “faixa etária” e o “campo semântico”. Também o aparecimento de