Uso opcional de pronomes retos

A língua portuguesa permite, graças ao seu paradigma verbal, que orações sejam construídas sem o uso dos chamados pronomes pessoais do caso reto, ou seja, utilizando-se apenas o verbo conjugado. Isso porque, em português, as formam verbais carregam consigo as indicações essenciais para determinar modo, tempo, número e pessoa. Essas indicações, presentes nas desinências das flexões verbais, tornam um enunciado claro e objetivo, assim como seria se fossem utilizados pronomes. Por exemplo:
Tu faltarás à aula hoje?
Faltarás à aula hoje?
As duas orações são perfeitamente compreensíveis e carregam consigo o mesmo sentido, pois na palavra faltarás, temos o radical do verbo [faltar], desinência modo-temporal [a] e a desinência número-pessoal [s]. Isso significa que o verbo em questão é faltar, o [a] indica que está no modo indicativo e que o tempo é o futuro do presente, e o [s] indica que se trata da segunda pessoa do singular, ou seja, tu, que não foi escrito, mas está subentendido na flexão o verbo.
A não colocação de um pronome pode se dar também para evitar que o texto pareça muito carregado, pois só com o verbo é possível compreender o que se pretende dizer.
Mauro foi a São Paulo ontem, e disse que a cidade estava muito suja.
Mauro foi a São Paulo ontem, e ele disse que a cidade estava muito suja.
Apesar de opcional, o pronome nessa oração provoca um excesso de informações, pois a única pessoa citada foi Mauro, portanto um verbo na terceira pessoa do singular só poderá se referir a ele. No caso de um período mais longo ou de um texto, é necessário que se tenha atenção para evitar ambiguidades, que podem ser resolvidas muitas vezes com o uso adequado dos pronomes.
Em relação ao uso dos pronomes, no português brasileiro atual, é necessário o uso porque o paradigma verbal está mudando. Nota-se que na maior parte do Brasil, as pessoas Tu e Vós foram extintas, e as formas de terceira pessoa são usadas também para segunda pessoa (você) e para primeira do plural