Unicamp 2014

ACTA MÉDICA PORTUGUESA 1989; 2:111-117

ARTIGO DE REVISÃO

PERTURBAÇÕES FUNCIONAIS DO ESFÍNCTER
DE ODDI
AMÉRICO CARVALHINHOS, NUNO GRIMA, ANTÓNIO FREIRE, A. GINESTAL CRUZ
E J. PINTO CORREIA
Serviço de Medicina 11. Centro de Gastrenterologia da Universidade de Lisboa. Hospital de Santa Maria e Faculdade de Medicina. Lisboa

RESUMO
O esfíncter de Oddi (EO), que está situado num local anatómico importante, continua a apresentar problemas de diagnóstico e terapêutica. A utilização combinada da colangiopancreatografia retrógrada endoscópica e da manometria, permite avaliação directa da função do EO, e abre uma era nova no estudo desta estrutura.
SUMMARY
Functional Disorders of the Sphincter of Oddi
The sphincter of Oddi (SO), located at a crucial anatomical site, continues to present diagnostic and therapeutic problems. A combination of the techniques of endoscopic retrograde cholangiopancrea tography and manometry has permitted direct assessment of the SO function, and has opened up a new era in the study of this structure.

INTRODUÇÃO
Em 1681 Francis Glisson demonstrou que existia músculo liso na porção terminal do colédoco, e que as fibras muscu lares se dispunham segundo um arranjo especial I.2• Quase um século depois, Vater descreveu a elevação da mucosa no local onde o colédoco termina no duodeno, posteriormente conhecida por papila de Vater2. Gage em 1879 mostrou que, no gato, existia um esfíncter na junção coledocoduodenal e, mais tarde, o fisiologista italiano Rudgero Oddi dedicou atenção especial a esta estrutura, confirmando-a em várias espécies animais. Pela primeira vez, Oddi mediu a resistência oferecida pelo esfíncter ao fluxo biliopancreático, e sugeriu que a disfunção do esfíncter podia ser responsável por icterí eia e dor abdominal ~‘. Em 1937, Boyden demonstrou que, embriologicamente, o músculo do Esfíncter de Oddi (EO). se desenvolvia de forma independente do músculo liso do duo deno ~. Desde essa altura, a