Uma tentativa em conceituar filosofia
JASPERS, Karl (1883-1969). Iniciação Filosófica. Tradução Manuela Pinto dos santos. Lisboa: Guimarães & Cia, 1972, p. 9-31. (Coleção Filosofia e Ensaios)
Na tentativa de conceituar o que é a filosofia, muitos estudiosos emitem seus pontos de vista que em sua maioria são contraditórios. O pensamento filosófico é oposto ao científico, não segue um processo contínuo e não procura uma unanimidade. O estudo da filosofia está conectado ao das ciências, entretanto a filosofia tem origem e sentido diferenciado, isto porque ela nasce antes de qualquer ciência. No entanto há a filosofia sem a ciência, que é exemplificada com alguns fenômenos curiosos: primeiro – enquanto a compreensão das ciências, reconhecidamente exige um método, nos assuntos filosóficos quase todos se consideram competentes, visto que a condição humana em si propicia isso; segundo – deve haver sempre uma originalidade no pensamento filosófico, pois cada homem o realiza por si próprio, basta observar as crianças, possuem uma capacidade espontânea de filosofia, pois há nelas uma genialidade que se perde na idade adulta, devido aos fatores do meio; terceiro – manifesta-se também a filosofia espontânea nos psicopatas, tal qual nas crianças; quarto – não se pode fugir à filosofia, pois esta é imprescindível ao homem, estando presente e se manifestando sob diversas maneiras. A palavra grega filósofo é formada pelo sufixo sophos que significa o que ama o saber, ou seja, aquele que nega ser o detentor do conhecimento, mas que está na demanda da verdade. O sentido do filosofar dialoga com a ideia daquele que está a caminho, porque a filosofia define-se pelo modo como se realiza. Elaborá-la de forma consciente é tarefa que não se pode cumprir em sua totalidade e que deve sempre ser repetida. No passado falava-se que a filosofia era conhecimento das coisas divinas humanas, no entanto hoje podem ser utilizadas fórmulas que apontam seu sentido, dentre elas: contemplação da realidade da origem,