Uma identidade em processo de transformação

Uma identidade em processo de transformação Luíza Heinrich Paes

A estudante Veronika Marcelino antes e após transição capilar
Homens e mulheres, de diversificadas etnias, sofrem por terem cabelos crespos. Deles, a mulher, em especial, sofre mais devido a suposta obrigação histórica que “o cabelo liso, ser magra e branca” é o bonito. Desde pequenas estão sujeitas a brincar com bonecas deste padrão, e induzidas que a estética natural é ter aquele cabelo e não os delas. Devido a sociedade impor este padrão de beleza, mulheres de cabelo crespos tendem a alisa-los não por que não achem bonitos, mas para que sejam notadas e aceitas.
“Se você for perguntar para mulheres na rua porque elas alisam o cabelo, muitas vão dizer porque é difícil de cuidar e de lidar com o cabelo, o que realmente é, cuidar de um cabelo cacheado não é fácil. Mas muitas delas não se aceitam como são.”, diz Veronika sobre um dos motivos pelo qual mulheres alisam o cabelo. Todavia, cada vez mais mulheres de cabelos crespos estão assumindo seus cachos, mas para isso é preciso passar por um processo complicado chamado “Transição capilar”, que consiste em deixar de utilizar química para alisar e a raiz enrolada começa a crescer novamente. Veronika marcelino, que alisava seus cabelos diz que sentiu falta de seus cachos e decidiu fazer o processo “não estava me sentindo eu, como se eu tivesse perdido minha identidade junto com os meu cachos. Então resolvi passar pela transição.” A transição é um processo muito delicado pois envolve desde o emocional até o social, então a decisão de passar pela transição foi preciso ter coragem e determinação “eu tirei uma coragem não sei de onde, mas sou muito determinada realmente, se eu quero meus cachos de volta, preciso ir até o fim né. Estava muito sofrido esperar a raiz crescer, eu já estava 4 meses sem química, estava muito feio.”