Um estudo sobre a ideologia

“A única e autêntica liberdade do ser humano é a do espírito, de um espírito não contaminado por crenças irracionais e por superstições talvez poéticas em algum caso, mas que deformam a percepção da realidade e deveriam ofender a razão mais elementar.”

José Saramago

Nesse trabalho, iremos analisar a concepção de ideologia e o seu uso como instrumento de dominação, com diversos exemplos em conceitos que são frequentemente considerados naturais e intrínsecos à sociedade, quando, na realidade, nada mais são que uma maneira artificial, porém efetiva, de manter relações sociais de dominação entre as classes.

Inicialmente, é de bom tom falar sobre como surgem as ideologias. Embora seja incorreto falar em uma verdadeira história da ideologia, visto que esta é mutável de acordo com o momento político-econômico e se reinventa ao longo do tempo das maneiras mais diferentes, pode-se falar nos motivos que levam as ideologias a passarem a existir. Esses motivos nada mais são do que os anseios de uma classe dominante, que deseja manter, estabelecer e perpetuar relações de poder sobre outras classes.

Para explicar melhor essa situação, a melhor saída é recorrer a um conceito do pensador italiano Antonio Gramsci: a hegemonia. Segundo ele, a hegemonia, ou seja, o estado de dominação e controle do poder por uma classe social, não advém somente dos aparatos político e econômico. O que realmente define e garante que uma classe consiga se manter no poder durante um período extenso de tempo é a capacidade que esse grupo terá de impor a dominação de maneira aparentemente natural aos dominados. Ou seja, a verdadeira hegemonia está na capacidade de controle das massas através de meios que vão além da exatidão dos âmbitos político ou econômico, uma maneira de fazer a população subjugada acreditar que a estrutura desbalanceada da sociedade é, na realidade, algo correto e imutável.

E é exatamente nesse momento que entra o conceito de ideologia. Esta nada mais é do que a crença,