Tropa de Elite

O filme retrata o quão preocupante é a questão da corrupção no estado do Rio de Janeiro - um resumo do Brasil – de onde se forma uma facção dentro de uma instituição de quem mais deveríamos confiar e esperar pela sua proteção, a polícia, contando com o apoio de figurões da política de auto escalão, num grande esquema angariando votos nas suas áreas de atuação e ganhado uma grande fortuna num universo paralelo ao circuito superior “legalizado”. A favela, antes dominada pelo tráfico, muitas vezes com o consentimento da própria polícia que negociava essa “licença” pegando parte do lucro com a venda das drogas, passa a tomar conta desse circuito inferior percebendo que lá há também muitos consumidores ávidos por produtos e principalmente serviços que não encontrariam em suas áreas.
No texto, essa situação é muito bem colocada quando diz: “A existência de uma massa de pessoas com salários muito baixos ou vivendo de atividades ocasionais, ao lado de uma minoria com rendas muito elevadas, cria na sociedade urbana uma divisão entre aqueles que podem ter acesso de maneira permanente aos bens e serviços oferecidos e aqueles que, tendo as mesmas necessidades, não tem condições de satisfazê-las. Isso cria ao mesmo tempo diferenças quantitativas e qualitativas no consumo. Essas diferenças são a causa e o efeito da existência, ou seja, da criação ou da manutenção, nessas cidades, de dois circuitos de produção, distribuição e consumo dos bens e serviços.” E é nesse contexto que o mercado informal também encontra os seus consumidores. A desigualdade social e a péssima distribuição de renda acabam fomentando muitas vezes esses circuitos “marginais” que não assolam somente o país como muitas outras partes do mundo subdesenvolvido. O mais tocante é que o Estado, em diversas situações, nesses países, se omite para ganhar não só financeiramente como se perpetuar no poder.
E a batalha do Coronel Nascimento contra o sistema nos mostra o quanto é difícil acabar com esse