Trabalhos sobre jovens no mundo das drogas
Este trabalho é uma reflexão resultante de um Estudo de Campo de duração de 4 anos com jovens inseridos no tráfico de drogas da periferia de São Paulo (Brasil). A complexidade destes discursos permitiu a percepção da inserção destes jovens nas relações de trabalho do comércio ilegal de drogas. O tráfico de drogas, como qualquer indústria, funciona sob a mesma lógica do capital; desta forma, os ‘trabalhadores’, em todas as etapas de produção, são sacrificados, e passam por idêntica dominação e pelos sofrimentos advindos das condições sociais injustas reproduzidas na sociedade. A realidade destes jovens mostra toda a violência incrustada na economia ilegal do tráfico. Na periferia da cidade, da economia e do tráfico, os jovens sofrem e são coadjuvantes dessa violência, de forma cruel e avassaladora. Constatou-se que o tráfico de drogas faz parte da vida de parcela da população das periferias da cidade de São Paulo, e a morte é uma das principais conseqüências. Entre os elementos para a caracterização dessa realidade pode-se perceber: a violência; a falta de infra-estrutura; pouca ou nenhuma participação do Estado em alguns setores e uma grande participação do aparelho repressor do Estado atuando de forma arbitrária. Absorvidos nessa encruzilhada, um número maior de jovens alinha-se nesta dinâmica. O tráfico de drogas em São Paulo dissemina-se, arregimentando muitos protagonistas; existem “mais de 5 mil microtraficantes” 2 , ou pontos-de-droga. Alguns característicos do tráfico paulista foram apresentados nos capítulos anteriores; no entanto, deve-se ressaltar que cada cidade constitui uma etapa determinada do ciclo exportador, de acordo com as atividades desenvolvidas pelos traficantes em cada região e as possibilidades do mercado consumidor interno.
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Pesquisadora do Instituto de Saúde/SES/SP Segundo o DENARC – Departamento Estadual de Narcóticos, de São Paulo.
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Estes jovens, por