Trabalho de introdução à língua russa

1 – Púchkin possui um olhar mais crítico em relação a aristocracia russa, principalmente a aristocracia mais primitiva. Em “A Dama de Espadas”, esta aristocracia é representada pela Condessa, que é descrita como uma mulher avarenta e que “vivia imersa num profundo egoísmo”. Meletínski (Os Arquétipos Literários, 1998), diz que Púshkin toma elementos da cultura popular e do folclore para criar algumas alegorias que são sempre ligadas à uma crítica ou que tenham alguma relação ao – com - poder na Rússia. Segundo ele, essa tendência na literatura Russa a examinar e dissecar as relações com o poder a partir da literatura nasce justamente quando Púshkin vai buscar os elementos mais primitivos do folclore e passa usar tudo isso para estabelecer certas relações com o poder e criar alegorias de exposição do poder absoluto e discutir como funciona o despotismo na Rússia.
A partir da ambição de Hermann, Púchkin constrói uma narrativa que fazia parte de seu momento atual e desenvolve o chamado realismo russo. O conflito entre a razão e a emoção de Hermann aparecem durante o conto todo; incialmente apresentado como um homem contido e que, segundo ele mesmo, é “incapaz de sacrificar o indispensável, na esperança de conseguir o supérfluo”, se vê tentado pela possiblidade de ganhar no jogo, facilmente, através do truque das cartas que a condessa conhece. O seu lado calculista é alemão, enquanto seu lado impulsivo é russo. Hermann entrega-se de vez a seu lado impulsivo – russo – e arquiteta um plano que envolve casar-se com Lisa para poder se aproximar da condessa e conseguir que ela lhe conte o segredo das cartas. Em seguida ocorre o aprofundamento da relação de Hermann e de Lisa, e é aí que ele a engana e a seduz utilizando as regras de corte; neste momento parece que Hermann tem domínio do jogo, tem controle de sua vida. Hermann, num dado momento, fica a sós com a condessa e a ameaça para que ela lhe conte o segredo das cartas; ao sofrer a ameaça a condessa passa mal e morre.