Tony Garnier
INTRODUÇÃO
Ao expor o projeto de uma cidade industrial, Tony Garnier apresentou princípios diferenciados para a sistematização do espaço, os quais serviram como referência para linhas contemporâneas urbanísticas. Filho de operários de indústrias do interior da França, desde novo pode vivenciar as duras condições de vida dos trabalhadores, sendo fortemente influenciado pelos ideais socialistas impregnados nessa parcela negligenciada da Revolução Industrial. Tais ideais são percebidos no que se tornou sua obra de maior destaque: a Cité Industrielle.
DESENVOLVIMENTO
A Citè Industrielle de Tony Garnier é citada por Frampton1 como:
“uma cidade socialista sem muros ou propriedade privada, sem igreja ou quartéis, sem delegacia de polícia ou tribunal de justiça; uma cidade onde todas as áreas não construídas eram parques públicos”,
designando um caráter político para a obra.
A configuração da cidade apresenta uma clara separação das diferentes funções: trabalho, habitação, tráfego e recreação. Cada função havia um espaço destinado e, além disso, foram pensadas áreas para uma futura expansão de forma que nenhum setor interferisse em outro.
Além da questão urbana, Tony Garnier pensou em detalhes arquitetônicos dos edifícios que compunham a sua cite, como as residências e as escolas. Para Giedion2, um dos projetos mais revolucionários é o terminal urbano, apresentando ideias extraordinariamente avançadas para a sua época, contendo em seu exterior simplicidade e funcionalidade. Outras grandes obras da cidade foram o matadouro de La Mouche e mercado de gado (1908-1928), o hospital de Grange-Blanche (1911-1933), o estádio municipal de Gerland (1913-1926) e a área de habitação social Les Etats-Unis (1919-1933). Garnier sentia forte atração pelo clássico, contudo ele quebra essa tradição em suas casas com coberturas planas e terraços-jardins, configurando características que se tornarão constantes em movimentos posteriores.