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Noite ‘’tranquila’’ no campo
Ouvi primeiro o ruído de cascos pisando a grama,mas continuei deitado de bruços na esteira que havia estendido ao lado da barraca.Senti nitidamente o cheiro acre,muito próximo virei me devagar,abri os olhos.O cavalo erguia-se interminável a minha frente.Em cima dele havia uma espingarda apontada para mim e atrás da espingarda um velhinho de chapéu de palha que disse logo:
-Cadê minha fia,cabra safado?
O velho falava alto,com o sotaque rústico e ao mesmo tempo agressivo.
-Eu não vou falar de novo não, seu moço!
-Calma , senhor se acalme!
-Calma o escambal! Que história é essa de traze a fia dos outro po matinho?
-Que filha?
-A minha, seu atrevido...
-Senhor, eu vim da cidade, passar uns dias aqui apenas para descansar um pouco daquela vida barulhenta e corrida da cidade.
-Isso não me interessa,me diga logo,seu moço cadê minha fia?
O tempo foi passando, comecei a suar frio,ele não tirava a espingarda do meu rosto por um instante.Já haviam se passado dois ou três minutos,o clima era de tensão.Até que tive a idéia de falar a ele que procurasse pela filha em minha barraca.
-O velho desceu de seu belo cavalo,sem que tirasse os olhos de mim.Ao entrar na barraca destruiu-a em busca do diabo da filha,porém logo constatou que ali não havia ninguém.
Montou em seu cavalo com a espingarda nas costas,sem dizer mais nada,saiu em disparada.
Ainda trêmulo entrei em meu carro e não pensei duas vezes em voltar para minha casa na cidade.Deixei lá minha barraca e alguns objetos.Preferi voltar para minha vida barulhenta na cidade, ao invés de passar alguns dias no silêncio do campo.