texto de apoio
Os fatores que articulam um grupo de trabalho: uma leitura da concepção de Pichon-Rivière*.
Denise Vieira da Silva
A construção do vínculo
O vínculo é um tipo de relacionamento de natureza complexa, pois cada integrante traz para o grupo a história pessoal permeada de experiências marcantes que configuram o seu mundo interno. O vínculo se constitui na interação estabelecida entre os integrantes de um grupo, a partir do entendimento do outro enquanto diferente, do reconhecimento da existência de necessidades comuns e complementares e da satisfação recíproca dessas necessidades através dos mecanismos de comunicação e de aprendizagem. O resultado é um processo de desenvolvimento mútuo baseado em sensibilidade e cooperação.
Para haver vínculo é preciso um processo de descentramento, de afastamento do mundo interno, do “pedestal narcísico” e um caminhar em direção ao outro, podendo senti-lo e compreendê-lo na sua integralidade. Em outras palavras, ser capaz de empatia solidária, o outro passa a ser significativo num processo de troca, de cooperação, alcançando a mútua representação interna, ou seja, um integrante é capaz de perceber o outro na sua necessidade por um processo de internalização desse outro, onde um passa a ser significativo para o outro, a ausência faz diferença no processo grupal. Quando existe o esforço e o interesse de clareamento da comunicação, os integrantes do grupo podem ser afetados mutuamente no sentido de favorecer o aprendizado e o processo de transformação pessoal e coletivo.
A existência de um vínculo frágil pode trazer algumas dificuldades para a produtividade grupal, estereotipando e até paralisando a comunicação e a tarefa. Algumas situações são reveladoras da necessidade de exame do processo vincular do grupo: