Texto 6 Para uma cultura global 1

PARA U M A CULTURA GLOBAL?

Anthony D. Smith

O problema inicial em relação ao conceito de "cultura global" é o que se refere ao significado e x a t o dos termos. Podemos falar de
"cultura" n o singular^- Se por "cultura" entendermos u m modo coletivo de vida ; ou u m c o n j u n t o de crenças, estilos, valores e símbolos, e n t ã o só podemos falar em culturas, n o plural, não simplesmente em cultura; p o r q u a n t o u m modo coletivo de vida, ou u m c o n j u n t o de crenças, etc., pressupõe diferentes modos e c o n j u n t o s dentro de uni universo de m o d o s e de conjuntos. Por conseguinte, a idéia de uma
"cultura global" é praticamente impossível, a não ser em termos interplanetários. M e s m o se o conceito for atribuído ao homo sapiens, em oposição a outras espécies, as diferenças entre os diversos segmentos da h u m a n i d a d e em termos de estilo de vida e de c o n j u n t o de crenças são m u i t o grandes, e os elementos comuns, demasiadamente generalizados, para nos possibilitar até m e s m o um conceito de uma cultura globalizada.
O u será que são<?- Não podemos nós pelo m e n o s discernir os lineamentos j u s t a m e n t e da cultura mundial em t o r n o dos quais os liberais c o m o os socialistas sonharam e pelos quais almejaram desde o século passado^- Na perspectiva evolucionista, a marca histórica foi o crescimento: o crescimento em t a m a n h o , em população, em conhec i m e n t o e assim por diante. As unidades em pequena escala em toda parte estavam cedendo espaço a sociedades de população densa em. escala continental, de forma que, até m e s m o o maior de todos os estados nacionais não passava de uma plataforma na ascensão da humanidade. Para os liberais, desde Mill e Spencer até Parsons e
Smelser, a capacidade de adaptação da humanidade estava crescendo e m estágios definidos, à medida que a modernização ia corroendo o localismo e criando sociedades gigantescas, móveis e participativas, cuja flexibilidade e abrangência