Teoria literária

Na primeira parte deste ensaio crítico procuramos levantar uma reflexão sobre o texto de Walter Benjamin, “Sobre alguns temas em Baudelaire”, escrito em 1983. Expomos aqui alguns pontos essenciais para a compreensão das questões levantadas pelo autor, e assim procuramos identificar o posicionamento adotado frente a tais questões. Nesta primeira parte, analisamos as noções de multidão, experiência x vivência do choque e aura. No ensaio “Sobre alguns temas em Baudelaire”, o tema da multidão como meio perceptivo é intensificado. Benjamin estabelece uma ligação entre a vivência dos choques e o convívio com a multidão. A multidão começava no século XIX a se expor como um grande público nas camadas sociais, tornando a leitura um de seus grandes hábitos. As grandes massas das cidades teriam tido uma presença forte e “No que diz respeito a Baudelaire, a massa lhe é algo tão pouco exterior que nos permite seguir de perto, em sua obra, o modo como ele resiste ao seu envolvimento e à sua atração” (BENJAMIN, p.115) A modernização da cidade e sua grandiosidade produz a figura da multidão que se encontra nas principais ruas da cidade. A multidão se impôs com autoridade e essa grande massa urbana define as condições de existência e de vivência. Baudelaire revelou em sua poesia o que seria a vivência do choque , umas das condições modernas que impedem que os interesses interiores do homem sejam incorporados a sua experiência. A vivência do choque é desencadeada pela grande massa urbanizada dos centros. Os cidadãos se confrontam nas ruas com diferentes informações e estímulos, homens com pressa e o choque é apresentado como uma vivência corriqueira da rua moderna. A multidão é fascinante, as pessoas são presas ao anonimato e essa grande massa causa um fascínio para o flâneur – aquele que caminha despreocupadamente e que observa os passantes que dão e também recebem vivências do choque movimentando-se como autônomos -, a cidade é tudo para o flâneur. O excesso de informação a