Tempo e prisão

3421 palavras 14 páginas
1 O TEMPO, E O TEMPO NA PRISÃO.

“Eu vejo o futuro repetir o passado Eu vejo um museu de grandes novidades O tempo não para, não, não para...” Cazuza

Partindo da expressão clássica de Protágoras (480 – 410 a.C.) onde “o homem é a medida de todas as coisas”, as ciências jurídicas e sociais, e aqui a criminologia e a psicologia, ainda hoje, tentam criar modelos com o intuito de querer prever os caminhos e o futuro de cada sociedade e de seus homens. Com a sociedade moderna, temos um deslocamento de tempo e a prioridade se dá não mais entre as pessoas (sociedade) e sim na relação entre pessoas e coisas (economia/consumo). É nessa visão de sociedade que o crime e a prisão devem ser pensados, pois enquanto a sociedade acelera-se em face da sinergia, e com ela o crime, a prisão tem uma função retropropulsora. Essa aceleração social nos torna uma geração da velocidade que não conta mais o tempo em anos, meses ou dias, mas na troca de bits da rede. A velocidade da tecnologia, da p olítica, da economia, da geogr afia e da sociedade se mostra incompatível com os instrumentos que tem os para estudá-las e controlá-la. A prisão é um exemplo disso, motivo pelo qual nos faz questionar se o cárcere ainda tem lugar de reinserção nessa sociedade. Sabe-se que o tempo perde sua unicidade e que ele age

multifacetadamente na sociedade, todos aqueles que se acham inseridos nela sofrem sua intervenção. Porém, o efeito sofrido por quem se encontra livre nesse tempo social não é o mesmo daquele que se encontra privado de sua liberdade. Parece óbvio, mas não é percebido que o tempo objetivo passa igual para os que vivem fora dos muros e para os que estão atrás dos muros. Porém o tempo subjetivo para ambos se mostra incompatível. Temos um tempo social para os que estão do lado de fora das muralhas, o qual se mostra progressivo, criador, cheio, enquanto temos um tempo encarcerado, que tem características diametralmente opostas, pois se mostra um tempo regressivo, improdutivo e vazio.

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