Tecnologia vital

Tecnologia vital
São seis da manhã. Ainda está escuro quando me levanto para ir ao trabalho. Na verdade, faz algum tempo que o Sol resolve começar a brilhar perto do meio dia, pois é quando ele tem mais força para vencer a espessa camada de poluição que cobre a cidade, mas, ainda assim, não há calor. Pego minha bicicleta – aqueles que ainda insistem em usar seus automóveis enfrentam horas de congestionamento – e também um balão de oxigênio, item de série nas bikes produzidas de alguns anos para cá. Afinal, quem quer respirar esse lixo de ar e cair doente toda semana? Eu não.
Chego no trabalho, faltam vinte minutos para as oito horas. Ótimo, vou conseguir pegar a fila para a desintoxicação corporal (lembram-se daquelas máquinas contra a radiação? Antes o que era visto nos filmes está presente em nosso dia a dia, devido ao descuido com o planeta durante tanto tempo) sem me atrasar para começar o turno. Isso tem que ser feito, é de praxe. Mesmo usando toda aquela roupa protetora que te faz parecer um astronauta na bicicleta.
Eu comando uma equipe de pessoas altamente capacitadas para desenvolver tecnologias sustentáveis. Sabemos que não conseguiremos reverter todo o dano causado pela humanidade durante séculos, mas precisamos encontrar maneiras para que a vida possa continuar a existir. Não é fácil. Encontrar uma árvore lá fora é praticamente impossível, nenhuma planta conseguiu resistir aos efeitos do aquecimento global. Com o Sol brilhando cada vez menos, elas não podem fazer a fotossíntese.
Sem a flora, a fauna também deixou de existir... Aí entra o problema com a alimentação. Hoje, tudo o que comemos é industrializado, ligações químicas feitas em laboratório... Estilo comida de astronauta, mesmo. Uma delícia. Aliás, é graças às pesquisas que a NASA realizou há algumas décadas que ainda estamos vivos. A água que bebemos? É nossa própria urina transformada em água potável por um equipamento caríssimo que eles desenvolveram. Sim, todo mundo achava isso