staltifera navis

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No capítulo Stultifera Navis, no livro a História da Loucura, Foucault (1972) traça uma trajetória histórica sobre a loucura, desde os seus primórdios. O autor destaca a importância da lepra e das doenças venéreas na construção do espaço ocupado pela loucura nos tempos atuais, no qual essas doenças serviram a um grande mecanismo social de exclusão, onde há a necessidade de se trancafiar o diferente e coloca-lo no lugar de perigo iminente para a sociedade.
Como é de nosso conhecimento, tanto a lepra quanto às doenças venéreas de antigamente não foram extintas totalmente do mundo social, mas o descobrimento das suas respectivas curas resultou na quase extinção das mesmas. Com isso, foi possível assistir à celebração das pessoas quanto ao triunfo da medicina. Contudo, este espaço não poderia ficar vazio, e assistimos ao surgimento da loucura perante a sociedade e, consequentemente, o renascimento do mecanismo de exclusão social, mais fortalecido do que nunca, onde os males de toda a sociedade não se encontram em uma doença física, mas sim na esfera mental, muito mais difícil de ser banido e varrido para o mundo das curas.
É curioso esse mecanismo apontado por Foucault, onde a responsabilidade em excluir o outro, em trancafiar o diferente, é dissolvida e, ao invés de responsabilizar, acaba unindo a sociedade e tomando a loucura como uma causa a ser combatida. Porém, não basta só combate-la, é necessário conhecer o grande inimigo que nos assombra. Com isso, também assistimos ao surgimento das ciências mentais, como a psiquiatria, a psicologia, psicanálise, etc, e, junto com elas, todo um discurso tentador de ajustar o indivíduo à sociedade, de sanar os males do espírito, de corrigir o que está errado.
Nesse sentido, Foucault salienta que a loucura perpassou por várias representações. Loucos eram: os pecadores da carne; os apaixonados, os criminosos, os sábios, os indivíduos de livre arbítrio, os que carregavam em si as fraquezas humanas. Cada um de acordo com a sua

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