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369 palavras 2 páginas
Há todavia, creio, certa maneira de ensinar pela recordação, maneira sem dúvida valiosa, como se demonstrará nesta nossa conversação. Mas, se tu pensas que não aprendemos quando recordamos ou que não ensina aquele que recorda, eu não me oponho; e desde já declaro que o fim da palavra é duplo: ou para ensinar ou para suscitar recordações nos outros ou em nós mesmos; o que fazemos também quando cantamos; ou, por acaso, não te parece?
ADEODATO
— Não, absolutamente: porque muito raramente acontece que eu cante para lembrar-me, mas freqüentemente para deleitar-me.
AGOSTINHO
— Compreendo o que queres dizer; mas não percebes que o que te deleita no canto não é senão uma certa modulação do som, que, pelo fato de se poder acrescentar ou subtrair às palavras, faz com que uma coisa seja o falar e outra o cantar? Em verdade, também com a flauta e a citara se emitem modulações, cantam também os pássaros, e nós mesmos, às vezes, entoamos um motivo musical sem palavras, o que se pode chamar canto, mas não fala; tens algo a opor a isto?
ADEODATO
— Nada. AGOSTINHO
— Parece-te então que a palavra não foi instituída senão para ensinar e recordar?
ADEODATO
— Assim pensaria se não me levasse a opinar contrariamente o fato de que, quando rezamos, sem dúvida falamos, e, certamente, não é lícito crer que ensinamos ou recordamos algo a Deus.
AGOSTINHO
— Tenho a impressão de que não sabes que, se nos foi ordenado rezar em lugares fechados1, expressão que significa o espaço secreto da alma, o foi porque Deus não quer ser lembrado de algo ou ensinado por nossas palavras, para conceder-nos o que desejamos. Quem fala, pois, dá exteriormente o sinal da sua vontade por meio da articulação do som: mas devemos procurar Deus e suplicar-lhe no mais íntimo recesso da alma racional, que se denomina o homem interior; quis Ele que fosse este o seu templo.
Não leste no Apóstolo: "Não sabeis que sois o templo de Deus e que o espírito de

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