Sonho em uma noite de Verao

A peça Sonho de uma noite de verão de William Shakespeare é colecionadora de paródias desde sua criação. Trata-se de uma obra bastante conhecida no universo da literatura inglesa, pois chama a atenção do público na questão relacionada à sexualidade dos personagens presentes na obra.
Segundo Jan Kott, um importante crítico e teórico do teatro polonês no século XX, a peça Sonho de uma noite de verão foi a mais erótica e brutal de Shakespeare porém, na maioria das vezes foi apresentada tanto no cinema quanto no teatro, na sua versão mais romântica e idealizada, e a violência e brutalidade são diluídas e passadas despercebidas pelos expectadores. Kott ainda completa dizendo que a inversão mecânica dos desejos e a permutação dos amantes não são apenas a base das intrigas, mas também da caracterização das personagens:
A redução do personagem a simples parceiro amoroso parece o traço mais típico desse sonho cruel. E certamente o mais moderno. O parceiro não tem mais nome nem rosto. É apenas quem está mais próximo. Como em certas peças de Genet, não há aqui personagens bem definidos, há somente situações. Tudo torna-se ambivalente (KOTT, 2003, p. 199-200).

Na versão dirigida por Celestino Conorado se percebe traços de uma sexualidade contemporânea baseada na óptica de Kott. Os personagens Lisandro, Demetrio, Helena e Hérmia se encontram no bosque e Puck vai até eles pingar em seus olhos o suco da flor do amor perfeito, mas o que acontece é que logo que acordam, formam o seguinte casal: Lisandro com Demétrio e Hérmia com Helena. Isso acontece graças às políticas sexuais conquistadas nos anos 1980, época dos movimentos de afirmação da ideologia queer.
Outro exemplo bem marcante na versão de Conorado é um sonho homoerótico de Puck, logo na abertura. O elfo sente prazeres quando observa o encontro sexual entre Titânia e Bottom.
É presente também ainda nessa versão, o sonho em que Puck visualiza cenas de abusos sexuais nas amazonas pelos soldados de Teseu. Trata de uma