Solidariedade mecânica
A Divisão Social do Trabalho, Durkheim expõe os dois tipos de solidariedade e o processo no qual a solidariedade mecânica ou por similitudes é substituída pela orgânica ou devida à divisão do trabalho, segundo uma “lei da história” (1984, p. 203). Otávio Ianni (1978) faz uma síntese útil a respeito:
Para Durkheim, a solidariedade mecânica se funda nas similitudes. É a solidariedade decorrente da adesão total do indivíduo ao grupo, envolvendo a absorção das consciências individuais pela consciência coletiva. E a solidariedade orgânica se funda nas diferenças entre as pessoas. É uma solidariedade por cooperação e envolve o desenvolvimento da divisão social do trabalho. A transição de um tipo de solidariedade a outro implica transformações da estrutura social e corresponde à evolução histórica das sociedades (op. cit., p. 51; grifos meus).
Algumas ressalvas são feitas à perspectiva funcionalista de mudança social acima exposta. Por exemplo, Nisbet, em Social Change and History (1972), procura fazer uma crítica não só do funcionalismo, mas também do evolucionismo e do desenvolvimentismo, considerando tais teorias frágeis quanto às explicações que elas oferecem acerca das mudanças sociais.
Por outro lado, Pizzorno (1977), ao abordar “os conflitos, os valores e a mudança” sob a perspectiva funcionalista, chama a atenção que Durkheim estava atento para o estudo necessário “da existência, ou da possibilidade de formas de solidariedade não orgânica (isto é, não ligada à interdependência das funções)”, inclusive onde a divisão social do trabalho fosse avançada. Por essa razão, no prefácio à segunda edição de A Divisão Social do Trabalho, ele teria dado tanta ênfase à importância da constituição de organizações corporativas. Mas, para ele, Durkheim restringiu-se apenas a apontar tal necessidade. Assim, não colocou “o problema dos modos de formação dos novos grupos e dos novos valores, o que o teria levado ao