Sociedade em risco

Um dos principais autores a refletir sobre o risco na contemporaneidade é o sociólogo alemão Ulrich Beck (2006) e, para realizar seu projeto, introduz o conceito de “sociedade de risco” como uma das derivações da sociedade industrial. Em sua abordagem, sociedade de risco é o passivo deixado pelos abusos da sociedade industrial que, ao se orientar por lógicas produtivistas, deixa avanços significativos para parte da humanidade que conseguir acesso aos mesmos, mas deixa igualmente um repertório de problemas dramáticos a serem socializados não apenas pelos beneficiados, mas sobretudo pelos excluídos da mesma sociedade industrial. O conceito de sociedade de risco é fundamental à presente pesquisa à medida que permite identificar os processos produtores da eutrofização como efeitos da sociedade industrial, vez que parte das causas é originária da indústria que atua na Bacia do Rio Verde.
Outra abordagem fundamental à presente pesquisa é a do sociólogo francês, Bruno Latour (2004). Em seu enfrentamento da temática do risco, ele introduz as noções de objetos “limpos” e de objetos como vínculos de “risco” para caracterizar a sociedade industrial e uma sociedade que vai além da sociedade industrial, respectivamente. Para ele, uma das promessas da sociedade industrial é a promessa de que produz objetos “limpos” e capazes de garantir a felicidade de quem os produzem, de quem os consomem e, finalmente, de quem estiver em volta deles. O exemplo do amianto, na França, permite demonstrar de forma dramática que o amianto nunca fora tão “limpo”, conforme as propagandas. Estas vendiam-no como um “objeto” que, além de ter uma boa aparência, era eficiente e rentável. Três décadas foram necessárias para cair por terra esta percepção generosa diante do amianto, pois começaram a emergir os primeiros cânceres e outros problemas letais principalmente para aquelas pessoas que mantiveram relações estreitas com o referido objeto “limpo”. Os cânceres tornaram visível que o antigo objeto