Sobre a temática das relações raciais no mundo

12
Ação afirmativa no Brasil e no mundo: notas para um debate em curso
Paulo Alberto dos Santos Vieira Priscila Martins Medeiros

Primeiras palavras
Gostaríamos, inicialmente, de convidá-los(as) para a leitura destas notas, que têm como objetivo dialogar franca e diretamente acerca de um importante debate sobre os diferentes grupos sociais e as distintas pertenças étnicas e raciais. Trata-se da questão relacionada às políticas de ação afirmativa, que passaram a fazer parte de nosso cotidiano com mais intensidade desde 2002. Mas, afinal, o que são as tão debatidas políticas de ação afirmativa? Como podemos defini-las e identificá-las? Como e para qual finalidade surgem? Existem experiências semelhantes em outros países? Quais relações existem entre cotas para negros, mulheres, portadores de necessidades especiais, indígenas e para gerações com as políticas de ação afirmativa? E no Brasil, seu uso é recente como aparentemente temos observado na mídia? Enfim, pretendemos, neste capítulo, abordar questões dessa natureza em um diálogo construtivo com você.

Políticas de ação afirmativa
A simples negligência de problemas culturais, étnicos e raciais numa sociedade nacional tão heterogênea indica que o impulso para a preservação da desigualdade é mais poderoso que o impulso oposto, na direção da igualdade crescente . [...] Nenhuma democracia será possível se tivermos uma linguagem ‘aberta’ e um comportamento ‘fechado’ (FLORESTAN FERNANDES, 1972).

Debates sobre as políticas de ação afirmativa têm tido um crescimento importante no mercado editorial brasileiro. Se em fins da década de 1990 ainda eram raras as publicações que se debruçassem sobre este tema, hoje o panorama é bastante distinto. Nos últimos anos, cresceu a lista de autores e de publicações que têm se dedicado a estudar o tema sob vários ângulos. São experiências na educação, no mercado de trabalho, nas políticas de saúde e segurança públicas, nos debates sobre territórios, nos quais cada vez mais o tema das