Sobre a pele Negra
RICHARD SANTOS*
Resumo
Uma análise da obra de Frantz Fanon, Pele Negra, Máscaras Brancas, sua importância à época da primeira publicação e sua atualidade frente ao mundo atual. Palavras-chave: África; racismo contemporâneo; colonização.
Ao analisar a obra do intelectual martinicano Frantz Fanon, é impossível não imaginar o impacto causado principalmente por Pele Negra,
Máscaras Brancas, livro escrito em
1952 e que virou referência para os movimentos anticolonialistas africanos e caribenhos, e porque não, também, para a incipiente articulação dos movimentos pela dignidade negra nas
Américas, como o movimento negro brasileiro capitaneado por Abdias do
Nascimento, e nos EUA movimentos civis como o Black Panthers e Black
Power, dentre outros da década de
1960.
Natural da Martinica, ilha caribenha sob julgo Francês, Fanon nasceu em 1925, atuou na segunda guerra mundial lutando ao lado dos franceses.
Posteriormente formou-se em medicina na cidade de Lyon, onde especializou-se em psiquiatria. Além disso, consta que também estudou filosofia e literatura,
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Américas. Inspirado e estimulado pelo movimento da negritude de Aimé
Césare, martinicano como ele, Léopold
Sédar
Senghor, posteriormente presidente do Senegal, entre outros, a obra de Frantz
Fanon
é verdadeiramente um tratado aberto contra a opressão étnicoracial. Descreve a forma como esta opressão acontece e os resultados disso, resultados possíveis de serem encontrados até hoje na mídia impressa e eletrônica, e que ainda hoje, em pleno século XXI, grupos organizados lutam para desconstruir.
Aos críticos e céticos, que atualmente apontam como racialistas os que como eu afirmam que ainda temos muito a avançar, e negam que com um olhar mais atento identificaremos na TV ocidental e principalmente brasileira a imagem e ideologia inferiorizante que
Fanon aponta e desconstrói nos anos 50 do século passado, imagem bestializada,