Sindrome de bornot

26310 palavras 106 páginas
Burnout: Sofrimento psíquicos dos trabalhadores em educação

(Publicado em cadernos CUT – Saúde do Trabalhador – Síntese do Livro Educação: Carinho e Trabalho – Vozes, 1999, 2000, 2002)

Wanderley Codo e Iône Vasques-Menezes[1]

1. EDUCAR: O AFETO INVOCADO

1.1. Uma tarefa impossível

Dos que sabem sentar-se à mesa, usar cada copo e cada talher por sua vez, dos que não comem com a boca cheia, os que não misturam a comida a esmo, sabem combinar sabores no prato diz-se que são educados. Se educa a língua, os olhos, o faro, a sensibilidade, os afetos, o erotismo, qualquer sentido que tenhamos ou que venhamos a inventar.
É assim que o mundo leigo, o mundo das primeiras aparências, se refere à educação, ou se tem ou não se tem, ou se tem mais ou menos: “fulano não tem educação, sicrano é mal educado, beltrano é muito educado, tem uma educação finíssima”.
Ainda a educação formal, aquela que se aprende na escola não escapa desta miríade de significados. “O aluno não está aqui apenas para receber e dominar conteúdos específicos, deve ser educado para a vida”, é uma frase comum de se ouvir nas escolas. Os\as professores\as não raro intervém no modo dos alunos se vestirem, tentam ensinar boas maneiras à mesa quando há refeições na escola, introduzem discussões sobre religião, arte, literatura em seus currículos ou aulas. Eles também, os profissionais especializados em educação, atuam a partir do mesmo pressuposto apontado acima, e se consideram (ou são) encarregados da mesma abordagem ampla geral e irrestrita.
A educação, além de onipresente e onisciente é incomensurável. Impossível dizer quem tem ou quem não tem, quem tem mais ou menos, qual é melhor ou pior.
Mas a educação se faz também na escola, por profissionais especializados: ‘os professores, os educadores, os trabalhadores em educação’ em um prédio próprio, mal ou bem aparelhado para este fim; funciona em horários delimitados; não raro uniformiza seus alunos com a sua marca. Agora a educação tem

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