Silel2011_130

6294 palavras 26 páginas
Anais do SILEL. Volume 2, Número 2. Uberlândia: EDUFU, 2011.

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DA ORALIDADE À ESCRITA: OS MITOS E A LITERATURA INDÍGENA NO
BRASIL
Érika Bergamasco GUESSE
UNESP – Faculdade de Ciências e Letras – Campus Araraquara erikabg@fclar.unesp.br Resumo: A literatura escrita indígena tem se configurado como um processo concreto no
Brasil. A Constituição Federal de 1988 garantiu aos índios o direito a uma educação diferenciada e, a partir deste fato, um considerável número de professores indígenas tem se dedicado à escrita de diversos materiais, que são utilizados nas escolas indígenas, mas que também estão sendo lidos nas aldeias e fora delas sob uma perspectiva literária. Para os índios, de uma maneira geral, a escrita de seus mitos é muito significativa, como forma de preservação e de divulgação de um legado cultural fundamental para sua vida em comunidade.
As histórias, que antes eram transmitidas de geração em geração apenas através da oralidade, agora também estão sendo fixadas pela escrita e recebendo estatuto de literatura, apesar de continuarem “vivas” na vida cotidiana das aldeias. Sendo assim, pretendemos apresentar brevemente as principais características dessas narrativas indígenas, considerando seu caráter estético/literário – universo composto de expressão de idéias, de criatividade verbal e elaboração da composição narrativa – e seu caráter mítico/sagrado, cujo objetivo é explicar o mundo, os seres, os valores, integrando ao real/cotidiano o divino, o suprareal e o mágico, e expressando as mais profundas crenças e tradições dos povos indígenas brasileiros.
Palavras-chave: oralidade; escrita; mito; literatura indígena; histórias de antigamente.
1. Introdução
Todos nós sabemos da forte influência da cultura indígena para a composição do arcabouço cultural brasileiro. No entanto, suas manifestações no âmbito das artes não são devidamente valorizadas e essa constatação se aplica também às manifestações literárias indígenas. Tem ocorrido em nosso país um movimento

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