Setembro de Eterno Azul
Setembro voltou. Sua capa azul-chama de postalista da primavera tem sido vista na folhinha, que dele se vai despetalando, como uma flor.
Anda pelas ruas o doce andarilho; sobe na copa das árvores; patina no ladrilho luminoso do céu; viaja no macacão escolar da juventude do Leblon.
Volta setembro e as dores de amor mal coaguladas, flores de uma perdida primavera, tornam a se abrir em vermelho campo de lembranças.
Com elas a esperança de mergulhar nas águas crismais de um novo batismo; lavar corpo e alma, enxugá-las na toalha listrada de cores de setembro.
Setembro tarde descubro, não existe como mês, setembro não é calendário, nem estação. Setembro é clima, como Itaipava. Do clima de setembro tenho padecido desde que me conheço como gente.
Certo setembro, quis a folhinha que eu morresse dobrado. Morri. Voltas agora, setembro, e eu te louvo nesta crônica de clara advertêcia.
Cedo aprendi a colher o azul intenso de seus dias. A vida nem sempre era boa, as meninas namoráveis não ligavam, alguns amigos traíam. Mas eu confidenciava a mim mesmo: "Setembro voltará e cada coisa será consertatada". E assim era.
Uma namorada tive e chamei-a "Setembro". Ela nunca entendeu direito, nem aceitou totalmente o apelido. Um dia foi embora. Estava cansada de ser setembro, queria ser chamada de "Mês de Maio".
Setembro, eras doce quando de ti me apaixonei pela primeira vez, inadvertido e menino. O jasmim-do-cabo perfumava tuas ruas feitas de luares e serestas. As meninas do colégio da Conceição iam a igreja carregando nas golas dos uniformes tuas cores azul-ouro prediletas. Eu não sabia ainda que azul raiando pelo rubro era o primeiro sinal para apanha de cajus, romãs e namoradas.
Instigado pelas tuas cores de festa, matava aula, ia colher o sorriso das meninas em flor nas ruas da minha cidade natal.
Muito amor e um total entreguismo a tuas cores podia agora atirar a tua face, documentadamente. Como podia ficar falando horas e horas das esperanças