Será que vai dar certo? – reflexões sobre as políticas de “humanização” do parto no Brasil
Fernanda Loureiro Silva
Biomédica, aluna de pós-graduação em
Ciência, Arte e Cultura na Saúde, Fiocruz. fernandaloureirosilva@gmail.com Resumo: Neste ensaio tomo como ponto de partida a atual discussão acerca do resgate e valorização do “parto natural humanizado” (PN) ante aos elevados índices de cesarianas no Brasil. A partir da análise de dois estudos epidemiológicos e da apreciação do programa do Ministério da Saúde, Rede Cegonha, que visa a implementação de uma assistência humanizada às mulheres e crianças no Brasil, levantei uma discussão acerca dos saberes relacionados ao parto e nascimento em relação à implementação de novas práticas em saúde pública. Este estudo permitiu refletir não somente sobre a importância de programas educativos para a promoção da saúde, mas também pensar sobre as questões relacionadas à constituição autônoma dos sujeitos em conexão com o plano coletivo que lhe é adjacente.
Palavras-chave: parto, educação, promoção de saúde
Introdução
O parto vem sendo amplamente discutido, há alguns anos, tanto no campo das ciências humanas, como na literatura biomédica. A primeira, que aborda os aspectos relacionados ao ser humano como indivíduo e ser social, traz ricos debates acerca dos papéis dos atores envolvidos neste acontecimento, as relações sociais estabelecidas e suas implicações no ideário feminista. A segunda, além de discutir as aplicações e as consequências dos saberes obstétricos na gestação e no nascimento, nos mostra, a partir de estudos epidemiológicos, como se apresenta o cenário atual do parto no Brasil.
Este trabalho se propõe levantar uma discussão acerca dos saberes relacionados ao parto e nascimento em relação à implementação de novas práticas em saúde pública.
Estudos epidemiológicos e a construção de novas práticas
A epidemiologia estuda quantitativamente a distribuição dos fenômenos de saúde/doença,