Senhora
É então que, através do dinheiro, Aurélia busca conseguir seu maior desejo: Fernando Seixas, o jovem fútil que a havia cortejado e depois dispensado sem sequer um aviso ou explicação. Com ajuda de seu tio Lemos, Aurélia oferece a Fernando um casamento de conveniência sem, no entanto, revelar sua identidade. Endividado, Fernando aceita o casamento porém mal consegue acreditar ao ver que a moça interessada em se casar com ele, é a sua antiga paixão, outrora sem um centavo. No entanto, na noite de nupcias, Fernando descobre a terrível verdade: Aurélia o humilha e diz tê-lo comprado, como se faz há um objeto e que, a partir daquele dia, nada mais teriam do que um casamento de conveniência. Uma novela mexicana? Um romance de banca? Não, trata-se das primeiras páginas de um clássico da literatura brasileira: Senhora, de José de Alencar. A primeira vez que li esse livro, me surpreendi com as características dos personagens. Ao contrário das protagonistas da época, Aurélia é mais decidida e, embora seja um pouco mimada em alguns pontos, em outros parece completamente consumida pela paixão/obsessão que sente por Fernando. Não é atoa que é uma das personagens femininas mais famosas do autor, Aurélia intriga e cativa até mesmo os leitores que, juntamente com o mocinho, tentam decifrar o que se passa pela cabeça da personagem. Quanto a Fernando, no inicio trata-se de um personagem fraco. Porém, após a humilhação que sofre por Aurélia, passa a adotar uma postura mais austera e responsável. Pouco a pouco fui me simpatizando por Fernando, embora reconheça que, nesse livro, ele é um tanto