Senhor

Senhor

Um belo dia, durante meus longos e entediantes 20 minutos de almoço, olhando através da janela da repartição do jornal, comecei a prestar atenção em alguns detalhes que eu nunca notara antes. Do outro lado da rua, havia um prédio velho, caindo aos pedaços, com janelas e paredes quebradas, servia de abrigo para alguns moradores de rua, e usuários de drogas. Tentei ler do alto da janela do prédio o que estava escrito sobre o vão onde antigamente havia uma porta, e avistei um velho senhor deitado nos entremeios de um vão na lateral do prédio. Ele era grisalho, tinha barba e cabelos compridos, usava um gorro de lã, roupas simples e rasgadas, e levava em uma de suas mãos uma espécie de livro. Ao menos era o que parecia visto assim tão longe. Olhei o relógio na parede, e percebi que gastei todo meu horário de almoço olhando para uma construção abandonada, que tola. Porém, aquele velho homem me despertou uma curiosidade enorme: sobre o que seria aquele livro que ele trazia consigo? Bom, não importava, eu precisava era de uma matéria para a coluna daquela semana e não de um velho gagá com um livro na mão. Comecei a rabiscar algumas coisas em um pedaço de papel, precisava de um assunto interessante para escrever. Sobre cachorros, já tinha sido semana passada, dietas, política, esporte, moda... Não, nada disso daria uma boa matéria. Sentei-me na cadeira em frente a minha escrivaninha, e comecei a girar na cadeira. Não conseguia tirar a imagem daquele senhor da minha cabeça, o livro que ele trazia consigo despertou minha curiosidade. Foi então que eu pensei, eu precisava de uma matéria, e tinha apenas 3 horas para entregá-la, então resolvi arriscar. Peguei papel e caneta, e desci correndo as escadas do prédio. Chegando lá embaixo, não avistei o senhor que eu estava procurando. Aproximei-me mais do local onde antes ele se encontrava deitado, e avistei um pequeno vão entre as paredes que ainda estavam em pé. Tentei espiar pelo vão, mas a única coisa que