Rui chafes - transferencias

2658 palavras 11 páginas
“A consciência da morte, a consciência da ferida mantém-nos em vida (…) acredito que a arte tem de nos ferir, como a morte; tem de ser uma incisão radical. Se a arte não nos desperta, então não há nenhuma razão para a fazer. E quem a contemplar perderá o seu tempo.”
Rui Chafes - in Rui Chafes Um Sopro, pág. 247

Rui Chafes - Secreta soberania (até que chegue o nosso doce reencontro)

Um Sopro, ed. Galeria Graça Brandão (304 pág.; 40 €)
Mais ainda do que acontece com a pintura, não é em livro que se vê uma obra de escultura. A configuração tridimensional, a importância da luz que recorta diferenciadamente as formas, a inserção no espaço arquitectónico em que os objectos se instalam, quando não é em plena natureza que se mostram (ou escondem), a escala, a relação física com o espectador, frontal ou em movimento, não se comunicam pela fotografia, senão de um modo aproximativo. E no entanto, os livros em que Rui Chafes tem vindo a publicar a sua obra de escultor são mais do que um catálogo tradicional.
Um Sopro, o último volume editado pela Galeria Graça Brandão (304 pág.; 40 €), reúne as obras realizadas de 1998 até 2002 e sucede a três outros saídos desde 95: Würzburg Bolton Landing, com peças de 1987 a 94 (sem as instalações em madeira e plástico das três exposições iniciais, de 1986-88) e uma antologia de textos escolhidos pelo artista; Harmonia, esculturas de 1995 a 98; Durante o Fim, a acompanhar a exposição realizada em Sintra, no Parque da Pena e no Museu da Colecção Berardo, em 2000.
Na sua sequência, constituem uma espécie de catálogo «raisonné» da obra de Chafes desde que adoptou o ferro como material de eleição, no sentido habitual de inventário do trabalho dum artista, desvendando a continuidade da produção com as oscilações de pesquisas e resultados, repetições e recuos, sem o recurso confortável à antologia das peças mais conseguidas (distinções neste caso problemáticas face à regularidade exemplar da obra). Não se cumprem, no entanto,

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