Revolução de 1930

Cap. 2 Burguesia Industrial e Revolução de 30 por Boris Fausto

2.1 A indústria na década de 20

Nesta época, a indústria se caracterizava pela independência do setor agrário-exportador, pela insignificância dos ramos básicos, pela baixa capitalização e pelo grau incipiente da concentração, segundo vários autores. O recenseamento de 1920 é a fonte mais segura a respeito, nos dá apenas os elementos referentes ao ano de 1921. Os dados gerais do censo indicam a existência, naquele ano, de 13.336 estabelecimentos industriais no país. As atividades que predominavam eram as têxteis e as alimentares, sendo importante salientar que os ramos primordiais da infraestrutura industrial não representam qualquer contingente apreciável. Dos 13.336estabelecimentos industriais, apenas 482 tinahm mais de 100 operários, fazendo da indústria em geral, um setor composto em grande parte por pequenas unidades. Característica esta, que se mantém, em linhas gerais, até vinte anos depois. No que diz respeito ao número de operários, capital, força motriz, valor da produção, São Paulo aparece como centro mais importante, representando a maior produção nacional em valor. Devido à crise internacional, os dois primeiros anos da década de 20 não tiveram grandes avanços, mas a partir de 1922 o desenvolvimento foi retomado. Em 1928 a capacidade de consumo do brasileiro ainda é mínima. As atividades agrícolas abrangiam, em 1920, quase 70% da população ativa, se tornando fundamental para a economia com sua maioria esmagadora. Em 1929, havia um total de 1937 fábricas, empregando mais de 90.000 operários. Os ramos têxteis e de alimentação representavam cerca de 60%do valor da produção. Do ponto de vista da estrutura social, se a imensa maioria de pequenos empresários, cujas atividades pareciam a de artesãos, forem deixados de lado, o setor que pode ser definido como burguês-industrial constituía uma faixa restrita do ponto de vista numérico, mas significativa, capaz de expressar,