revolta do quilonbo

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Capítulo V
FUGAS, QUILOMBOS
E REVOLTAS ESCRAVAS.

Uma história do negro no Brasil 115

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As sociedades escravistas nas Américas foram marcadas pela rebeldia escrava. Onde quer que o trabalho escravo tenha existido, senhores e governantes foram regularmente surpreendidos com a resistência escrava. No Brasil, tal resistência assumiu diversas formas. A desobediência sistemática, a lentidão na execução das tarefas, a sabotagem da produção e as fugas individuais ou coletivas foram algumas delas. Fugir sempre fazia parte dos planos dos escravos.
Os cativos fugiam por vários motivos e para muitos destinos. Castigo, trabalho excessivo, pouco tempo para o lazer, desagregação familiar, impossibilidade de ter a própria roça e, é óbvio, o simples desejo de liberdade eram as razões mais freqüentes que os levavam a escapar dos senhores. Por vezes os cativos se ausentavam apenas por tempo suficiente para pressionar o senhor a negociar melhores condições de trabalho, moradia e alimentação, para convencê-lo a dispensar um malvado feitor, a manter na mesma fazenda uma família escrava, a cumprir acordos já firmados ou até para conseguir ser vendido a outro senhor.
Essas eram as chamadas fugas reivindicatórias, ausências temporárias do trabalho, das quais o fugitivo costumava retornar por conta própria depois de alguns dias. Ao fugir o escravo comprometia a produção e colocava em xeque a autoridade do senhor.
Isso quer dizer que as fugas não só traziam prejuízos econômicos, como expunham os limites da dominação senhorial. Diante da
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possibilidade de não poder contar com a força de trabalho dos fugidos e com a autoridade ameaçada, os senhores eram, muitas vezes, levados a negociar, a ceder em alguns aspectos, embora a contragosto. Mas o escravo que fugia

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