resolucao insper 2010 sem1 analise verbal q1 26

7493 palavras 30 páginas
151 alunos do CPV chamados no insper
Prova REsolvida – Insper – 1/Novembro/2009

ANÁLISE VERBAL
Utilize o texto abaixo para responder aos testes de 1 a 3.
É tudo Brasil
Vanusa, a musa do iê-iê-iê, anda sendo massacrada por ter cantado em público o hino nacional errando tudo: melodia, harmonia, ritmo e letra. O fato, já velho de meses, se deu numa cerimônia da Assembleia Legislativa de São Paulo. Mas só agora, via
YouTube, o país, pasmo, o está assistindo.
Na semana passada, Sasha, 11 anos, filha de Xuxa, também foi para o castigo por escrever no Twitter uma mensagem dizendo que estava filmando e ia fazer "uma sena com a cobra" – ela queria dizer "cena". E, há poucos dias, a apresentadora (e bióloga em disponibilidade) Ana Maria Braga, ao comentar uma receita de bolo em seu programa de TV, louvou a castanha-do-pará como uma delícia da "fauna brasileira".
Seria fácil listar essas ratas produzidas por três (perdão, ouvintes) ícones da cultura e vergastar a indigência mental em que vive o Brasil. Ou acreditar nas justificativas oferecidas para dois dos casos. Segundo seu agente, Vanusa teria se atrapalhado com a música por estar sob o efeito de um remédio para labirintite. E, segundo Xuxa, Sasha não sabe escrever direito em português porque foi alfabetizada em inglês.
Pois ouso pensar diferente. Vanusa, farta de ouvir o hino nacional tocado compulsoriamente antes de cada competição esportiva em São Paulo, queria apenas fugir da patriotada e da cafonice. Daí tentou emprestar ao hino um caráter quase jazzístico, quebrando o ritmo, embaralhando a letra e alterando a melodia. E, quando ia partir para o "scat", foi cortada sem piedade pelo locutor do evento.
Quanto à menina Sasha, seu erro foi insignificante para alguém que, admitido pela própria mãe, é analfabeta em sua língua.
E, interpretando um possível raciocínio de Ana Maria Braga, e daí se a castanha-do-pará vem da flora ou da fauna? "É tudo
Brasil, não?".
Sim. É tudo Brasil.
Ruy Castro, Folha de S. Paulo, 05/09/2009

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