Resenhado livro lolita

LOLITA
Letícia Boettcher – Universidade de Santa Cruz do Sul
Nabokov,Vladimir Vladimirovich (2003). Lolita. São Paulo: Folha, 319 p.

A sinopse não é das mais agradáveis. Lolita é um livro com uma proposta polêmica e que nem todos vão aceitar – não muitos, na verdade. Apesar disso, fiquei na vontade de lê-lo no mesmo instante que vi seu nome em meio a tantos outros livros na modesta lista de sugestões de leitura e fiquei um bom tempo pensando o motivo por tamanha atração. Infelizmente não me parece que tenho motivos aparentes, talvez seja alguma força de atração maior. Contudo, afirmo com toda certeza: valeu muito a pena.
Lolita parece, sobretudo, uma apaixonada história de amor, escrita com elegante desespero. O protagonista é o obsessivo Humbert, professor de meia-idade. Numa mistura de confissão e memória, ele narra a louca atração por Dolores Haze, filha de 12 anos de sua senhoria. Mas, como descobrimos pelos olhos depravados e nem sempre lúcidos de Humbert, não é qualquer menina. Lolita é uma ninfeta, uma criança entre doze a quatorze anos que seduz homens mais velhos com a habilidade de uma mulher adulta. Ela brinca com suas “vítimas”, como a vemos fazer com ele ao decorrer do livro, e sente mais facilmente prazer do que amor.
Aqui se cruzam alguns dos temas clássicos da arte de todos os tempos: a paixão, a juventude e o amadurecimento com questões mais típicas da nossa modernidade, como o erotismo. Obra-prima do século 20, o romance de Vladimir Nabokov (1899-1977) foi inicialmente recusado por várias editoras. Ao ser finalmente lançado, em 1955, por uma editora parisiense, gerou opiniões antagônicas: houve quem definisse o livro como um dos melhores do ano; houve quem o considerasse pornografia pura. Apesar de se tratar de personagens com personalidades fortes, tanto podemos odiar Humbert como detestar Lolita, o livro tem um português bem culto e nos apresenta a versão dos fatos a partir do agressor, que na verdade é apenas um homem apaixonado. Mas em