Resenha

Valéria, em uma linguagem jovem, simples e direta, conta sua história: contraiu AIDS durante sua primeira relação sexual - e, na época, lá por 1980, muito pouco se sabia sobre a doença. Aliás, Valéria foi uma das primeiras brasileiras a contrair o vírus, este considerado uma doença apenas de homossexuais. Claro que hoje sabemos que a AIDS não tem preferência alguma nesse aspecto. Mas, como como diz meu professor de Português, "Depois daquela viagem" não é apenas um livro sobre AIDS - ele fala sobre pessoas, sobre o que é ser-humano, sobre intercâmbio, preconceito, sobre encontrar a si próprio... Uma leitura muito válida, rápida e enriquecedora.

"Depois daquela viagem" é aquele tipo de livro que faz a gente pensar, ao mesmo tempo que instrui e diverte. Apesar de tratar de um assunto sério, Valéria simplesmente conversa com o leitor, sem hesitar, contando de uma forma rápida, como se fosse uma conversa, um grande pedaço de sua vida. Você vira sua confidente, sua melhor amiga. Antes de uma "portadora do vírus HIV", a protagonista (a autora!) é um ser-humano como eu e você, e na época, uma adolescente. Logo, carrega todos aqueles anseios, sonhos... A diferença foi que enquanto nós fazemos planos para o futuro, Valéria teve de aprender a viver um dia de cada vez, adiantar os planos para o hoje (carpe diem!) - além de ter como segunda casa um consultório médico.

"Mas vai tentar ser normal ouvindo todo dia a AIDS mata, a AIDS é o mal do século, vamos acabar com a AIDS. Até parece que as pessoas esquecem que o vírus está dentro de mim, que a AIDS só existe porque eu existo, se eu morresse, o vírus também morreria. Ou seja, de certa forma eu sou a AIDS."

O livro me lembrou um pouco "A culpa é das estrelas". Apesar de ambos tratarem de doenças diferentes, a linha de pensamento dos personagens muitas vezes é a mesma, e até alguns quotes são semelhantes. Falando em quotes, outra coisa em comum é que ambos são super "quotáveis"! Caso minha caneta marca-textos