Resenha

Comunidade: a busca por segurança no mundo atual. Zygmunt Bauman.

Bauman é um sociólogo polonês de orientação marxista, atualmente professor de sociologia emérito das universidades de Varsóvia e Leeds. Nascido em 1925, tem em vista que escreve e publica até hoje, se mantêm pensando o mundo e suas transformações, testemunhou grandes mudanças globais durante sua trajetória, o que faz compreensível sua visão “pessimista ou fatalistas” em relação ao que o mundo se tornou.

Bauman neste seu livro expresso no título da obra oferece olhares sobre as dinâmicas da convivências humanas em tempo de globalização. Já no início somos convidados a refletir a respeito do principal conceito de sua obra não apenas em seu conceito semântico mas também a partir da ideologia que o envolve, qual seja, a partir da pré-concepção acrítica desse conceito, que nos remete sempre à ideia de uma “coisa boa”. Essa visão positiva sempre reafirmada raras vezes é questionada.

Entretanto, de onde viria essa percepção a priori positiva e positivada do conceito de comunidade? Seja na mitologia grega, seja na bíblica, a ideia de paraíso está ligada à ideia de inocência, de pertencimento a um grupo sem interesses individualistas. A perda desse paraíso está guardada em nossa memória; temos uma memória da felicidade que tínhamos e que não é mais passível de aceder e se transformou em utopia. Existe em nós, se assim podemos dizer, portanto, um saudosismo atávico que reproduz e reinventa, no conceito de comunidade, a ideia do paraíso perdido, em que o senso de pertencimento fazia-nos sentir-nos “dentro do ninho, confortáveis e seguros. Por outro lado, Bauman comenta que existe uma tensão entre essa utópica e almejada segurança com a ideia de liberdade, mesmo que esse conceito não tenha sido muito explorado por ele, permanecendo uma concepção de liberdade imprecisa. Na medida em que a vivencia em comunidade significa a perda de liberdade esse processo acaba gerando uns dos dilemas mais