resenha

Gil Vicente
Gil Vicente foi o fundador do teatro português.
Escreveu suas obras no período da história que corresponde à transição da Idade média para a Idade Moderna. Sua obra foi difundida nas primeiras décadas do séc.XVI.
Gil Vicente, reflete em suas obras esse momento de transição, ou seja, está ligado tanto ao medievalismo quanto ao humanismo. Esse conflito faz com que Gil Vicente pense em Deus e ao mesmo tempo exalte o homem livre.
Os humanistas resgataram as artes clássicas e a preocupação com o homem. Teocentrismo X antropocentrismo .
O reflexo desse conflito interior é visto claramente em sua obra, pois ao mesmo tempo em que critica, de forma impiedosa, toda a sociedade de seu tempo, adotando assim uma postura moderna, ainda tem o pensamento voltado para Deus, característica típica do mundo medieval.
O “Auto da Barca do Inferno”, ao que tudo indica, foi apresentado pela primeira vez em 1517 na câmara da rainha D. Maria de Castela, que estava enferma. Esse Auto, classificado pelo próprio autor como um “auto de moralidade” reflete sua preocupação em reformar a sociedade.
O cenário é um porto imaginário, onde estão ancoradas duas barcas.
Uma barca irá para o paraíso, e seu comandante é um anjo; a outra, com destino ao inferno, tem como comandante o diabo.
O tempo é psicológico, uma vez que todos os personagens estão mortos, perdendo-se assim a noção do tempo.
O enredo nos ensina que as almas, assim que se desprendem dos corpos, são obrigadas a passar por esse lugar que simboliza o juízo final.
Dependendo dos atos cometidos em vida, elas são condenadas à Barca da Glorificação ou à do Inferno. Tanto o anjo quanto o diabo podem acusar as almas, mas somente o anjo tem o poder da absolvição.
O estilo, pode-se dizer todo Auto é escrito em tom coloquial, revelando a condição social das personagens.
Quanto à estrutura, o Auto possui um único ato, dividido em cenas. Os versos são redondilhas maiores, sete sílabas poéticas.
As rimas obedecem,