resenha

O texto felicidade de Clarice Lispector

Retrata dos conflitos presentes no inconsciente do individuo, e que consequentemente são projetados no comportamento humano.
Já no início do texto nota-se o grande desejo que a menina tinha em ocupar o lugar da outra, por esta ser filha do dono da livraria desejo este regido pelo “Id”. (impulsos), que segundo Freud é amoral, irracional e puro prazer.
A menina devoradora de historias estava tão obcecada pelo desejo de ter em suas mãos o livro “As reinações de narizinho, de Monteiro Lobato” que nem notou as humilhações a que era submetida por conta talvez do ódio da filha do dono da livraria, já que esta se sentia inferior por não fazer parte do padrão de beleza do qual as suas colegas estavam enquadradas.
O que mais preocupa é que mesmo adivinhando que a cruel menina a escolhera para sofrer por tempo indefinido, às vezes aceitava tanta dor, determinada a alcançar o que mais desejava. Ela não mais vivia, o seu “Ego” não mais conseguia situa-la ou guia-la no mundo esterno, toda sua energia psíquica estava excessivamente voltada para conseguir o livro. O mais estranho é que chegado o momento tão esperado e desejado em que recebeu o livro na mão, a menina se comportou de maneira inesperada. A partir desse momento ela não mais estava envolvida por tanto libido, como no momento em que só desejava é desejava o seu objeto de prazer, agora, ela simplesmente criava falsas dificuldades para momentos “felicidade”, e agora para ela sempre haveria uma coisa clandestina.