Resenha

resenha crítica

Porto Alegre
2013
Transição
Construção literária
Uma visão do cotidiano e das relações sociais na época do rei D. João VI.
A obra Memórias de um Sargento de Milícias de Manuel Antônio de Almeida oferece ao leitor uma visão da vida das pessoas de classe mais baixa do Rio de Janeiro, na época do rei D. João VI. Foi publicada originalmente sob a forma de folhetins entre 1852 e 1853 e alguns anos depois publicada em livros.
Assim como Gil Vicente que descrevia em suas obras de teatro os tipos humanos, e os caracterizava, também podemos encontrar no romance de Manuel Antônio de Almeida vários personagens que não possuem nome, mas são designados por suas profissões ou características. O teatro vicentino tinha personagens como o sapateiro, a alcoviteira, a beata, o padre, entre outros. A obra Memórias de um Sargento de Milícias traz figuras como a comadre, o major, o barbeiro, a parteira, etc. Apesar de os dois autores escreverem sobre os “tipos” de personagens, cada um tinha um objetivo diferente ao retratá-los. Para Gil Vicente era uma maneira de satirizar e protestar contra certas camadas da sociedade, e para Manuel Antônio de Almeida era uma forma de fixar as características e traços dos personagens.
Ao contrário da maioria dos romances da época, em que as obras eram repletas de subjetividade, ideais, sentimentalismo, continham heróis e retratavam as classes mais altas da sociedade, o romance tem uma linguagem direta, às vezes irônica. Mostra a história do protagonista Leonardo, classificado como “anti-herói”, que desde criança apronta as mais diversas travessuras, e mesmo depois de ter crescido não deixa o seu jeito malandro de ser. Não há consenso quanto à qual escola literária pertence a obra, alguns a classificam como de transição do Romantismo para o Realismo, e outros como apenas romântica, visto que o Realismo ainda não havia surgido. Memórias de um Sargento de Milícias difere das obras do período em