Resenha

DELUMEAU. A escatologia e a predestinação.

O historiador francês Jean Delumeau é tido como um dos grandes ícones da histografia contemporânea, seus livros invadiram os quatros cantos do mundo, no Brasil várias de suas obras podem ser encontradas na língua natural do país como a História do medo no Ocidente, Anos de Felicidade, O Que Sobrou do Paraíso, dentre outros. O seu principal campo de pesquisa é a história das mentalidades, tocando temas do cristianismo, nesse campo de pesquisa se notabilizou por sua crítica a Reforma Protestante, tornando-se uma referencia entre os estudiosos do renascimento. Pretendemos realizar neste momento uma apresentação e discussão critica sobre o 21º capitulo denominado A escatologia e a predestinação em que Delumeau utilizando-se de varias fontes primárias entre elas mais de 46 livros de sermões da época realiza um pequeno recorte temporal entre 1640-1660, em que analisa os temores- o medo como introspecção ou como instrumento social, na vida do indivíduo ou na organização social. Nesta acepção, o autor vai discorrendo ao longo do texto de maneira minuciosa os diversos meios de culpabilização da consciência que a Igreja (assim como o Estado – segunda parte do texto ) desenvolveram para impor o medo a seu serviço ou a serviço dos interesses por ela defendidos.
O texto fora dividido em três partes, a primeira o autor demonstra aos leitores o plano de fundo desse período histórico, apresentando as definições de escatologia e predestinação, revelando que o mundo na mentalidade da época era tido como macabro, misterioso e pecaminoso. Surge a redenção,como elemento diferencial em que a idéia de pecado se associa ao medo para fazer surgir o resgate que só a igreja poderia manipular. E ao contrário do que muitos pensam o autor inova ou pelo menos é um dos poucos que escreve declaradamente que a Reforma foi o momento que mais houve um resultado e uma retomada de uma fermentação escatológica, pois o “protestantismo por muito tempo,