Resenha “O mal estar na civilização” – Sigmund Freud

Resenha do livro “O mal estar na civilização” – Sigmund Freud

1. No fim, o fim – contexto histórico

Sigmund Freud escreveu seu último livro no momento final de sua vida; com um câncer já expansivo e vislumbrando um final próximo, Freud faz seu último esforço para escrever seu último livro. Com ideias mais amadurecidas, mais desencantado com certos aspectos e deslumbrado por outros, o livro traz um olhar mais brando para a religião (duramente criticada em seu livro anterior – O Futuro de uma Ilusão) e uma visão pessimista sobre o fim da civilização e do indivíduo. Há uma visível influência da teologia judaica, principalmente no capítulo 3 de Gênesis, o primeiro livro do Torá, que fala sobre a queda do homem.

2. O Mal Estar Na Civilização

Qual o objetivo da vida humana? Freud, diz que a única instituição que pode dar um objetivo a vida do indivíduo é a religião. Acredito que Freud, após tantos anos olhando com certo desprezo a religião, descobriu, ao fim de sua vida, uma verdade que aqueles que desde cedo são ensinados numa doutrina teológica o sabem: que a ciência, embora fantástica, não dá um objetivo a vida, quem faz isso é a religião, pois, ao prometer um lugar melhor a ser atingido, ou um estágio mais elevado/sublime de alma, a religião cria um prêmio a ser alcançado através da submissão do indivíduo. A religião propõe um objetivo final e a forma de alcançá-lo, algo que as outras instituições não fazem.
O indivíduo, independente se consciente de seu objetivo nesta vida ou não, busca a felicidade, e não apenas ser feliz, mas ser feliz e por um tempo cada vez maior. Porém, Freud também esclarece que a felicidade é um episódio na vida humana, aquele que for exposto a uma felicidade contínua nunca saberá que é feliz, pois para se entender felicidade é preciso compará-la a tristeza. Isso vem diretamente atingir a sociedade atual, numa política de que todos devem ser felizes o tempo todo, as pessoas são extremamente infelizes.
Acredito que isso aconteça