Resenha a reinvenão do corpo berenice bento

Berenice Bento no livro “A reinvenção do Corpo”, fruto de sua tese de doutorado que trata da transexualidade, traz a luz da sociologia um tema antes abordado quase que exclusivamente pelas ciências médicas e psi. A autora faz uma aproximação histórica no capitulo que nomeia de “A invenção do transexual”, o qual explica que somente a partir da década de 1950 começam a surgir publicações que diferenciam o transexual do travesti e do homossexual.
Berenice utiliza de sua pesquisa de campo feita no Brasil e na Espanha para refutar o conhecimento das ciências médicas que tratam a transexualidade de forma universal, como também para questionar a patologização e os tratamentos sugeridos e aplicados nos hospitais que promovem a cirurgia de resignação sexual.
Utilizando do conceito de ‘dispositivos’, definido pelo filosofo Foucault, Berenice define o inicio dos estudos e o saber médico atual a cerca do ‘fenômeno transexual’ como um poder disciplinar de estratégias de dominação por práticas discursivas e não discursivas da associação entre discursos teóricos e práticas reguladoras: “O dispositivo transexual”.
Para Berenice, a transexualidade deve ser considerada, como a entendemos hoje, a partir do surgimento do “dispositivo transexual”, após sua concepção teórica, que nasce gêmea com a patologização. Casos de pessoas que divergiam da norma de gênero antes do nascimento deste conceito não devem ser entendidos como transexualidade, pois estes não tinham o olhar do especialista, com suas técnicas de escuta, classificação e registro. “Falar de transexualidade nos obriga a relaciona-la ao protagonismo que o saber médico assume na definição da verdade que se esconde nas ‘identidades transtornadas’”. (111)
Berenice aponta duas concepções históricas sobre a “verdade dos sexos”, o isomorfismo e o dimorfismo:
O que se deve tirar proveito dessas duas concepções são as interpretações dadas a cada um delas. No isomorfismo, a ausência de maiores distinções entre os corpos