Resenha - A loucura do Trabalho - Christophe Dejours

O livro “A loucura do Trabalho”, escrito por Christophe Dejours, aborda o conceito de saúde de forma articulada com a organização do trabalho. A obra traz em sua base a ideia de que a organização do trabalho exerce, sobre o homem, uma ação específica, que gera impactos ao aparelho psíquico. Dejours apresenta reflexões sobre a necessidade de se buscar saúde e qualidade de vida no trabalho. Considera ainda que, diante do quadro de subsistência, não caberia a ele falar em luta pela saúde; a identificação do trabalhador era com a luta pela sobrevivência. O autor chama de psicopatologias os males provocados pelo trabalho, que afetam o aparelho psíquico. A fim de criticar o Taylorismo e seus múltiplos desdobramentos no âmbito da organização do trabalho, o texto ilustra com exemplos oriundos do cotidiano do trabalho, aspectos como a insatisfação proveniente dos conteúdos significativo e ergonômico do trabalho.
Dejours realiza inicialmente uma abordagem histórica e ressalta que o estudo da psicopatologia desenvolveu-se de forma bastante lenta, nos últimos cem anos. Ele narra a evolução das condições de trabalho da classe proletária, denominando o período de desenvolvimento do capitalismo industrial de “miséria operária”; o período compreendido entre a primeira guerra mundial e o ano de 1968, caracterizado por muitas lutas e conquistas geradas pela liberdade de verbalização é chamado de “solidariedade operária”; e o período pós-68, marcado pela busca de condições cada vez melhores na organização do trabalho. “Por organização do trabalho, designamos a divisão do trabalho, o conteúdo da tarefa, as relações de poder, as questões de responsabilidade etc.”. O caráter qualitativo do trabalho “não pode ser traduzido em termos de custo ou de itens orçamentários. A partir de então se confrontam, sem intermediário, a vontade e o desejo dos trabalhadores e o comando do patrão, concretizado pela organização do trabalho.”
O autor caracteriza ainda os detalhes do cenário histórico