resenha maria helena michels

Ao abordar a reforma educacional dos anos 1990, a autora Maria Helena Michels desenvolve uma hipótese em relação à nova organização escolar. São três eixos articulados que sustentam o atual formato organizativo: gestão descentralizada, em que a escola é responsável pela sua própria administração e os professores são gestores da educação e da escola; a formação docente é o segundo eixo da base, esta deve ser prática e instrumental; por fim, a inclusão “democrática”, vista como propulsora de uma nova proposta de escola. A instituição escolar assume o papel de transformar a sociedade, mas na prática as mudanças são somente potencialidades1. Importante ressaltar que este espaço de aprendizagem também reproduz a ideologia das classes dominantes, seleciona os saberes a serem transmitidos, resultando em uma consolidação de determinados traços sociais. Neste sentido mantém as relações já existentes na escola, embora se esforce em promover mudanças.
A relação da educação brasileira com os organismos internacionais, em especial o Banco Mundial é bastante intensa. O período marcado pelo neoliberalismo também é marcante nesta relação, pois no auge deste período político, econômico e ideológico nos anos 1990 os organismos estimularam reformas que visavam a diminuição da participação do Estado em aspectos sociais e econômicos, neste momento constitui-se uma noção de “Estado regulador” que, em relação à educação remaneja funções para os municípios, escolas e sociedade civil, assumindo a responsabilidade pelo controle das escolas por meio de avaliações centradas nos resultados.
Dentro da escola, as reformas também se fizeram sentir, se por um lado aumentaram o número de matrículas no ensino fundamental, por outro há uma queda no desempenho dos alunos. O tempo escolar mudou, o formato de séries foi o mais praticado nas décadas de 1990 e 2000, adotou-se currículos rígidos a serem ensinados e ocorreram desdobramentos significativos, como a evasão escolar. A flexibilização da