Resenha: marenco, andré. devagar se vai ao longe? a transição para a democracia no brasil em perspectiva comparada. in: melo, carlos r. e sáez, manuel a. a democracia brasileira. balanço e perspectivas para o século xxi.

1113 palavras 5 páginas
Os processos de transição política e consolidação da democracia no Brasil podem ser considerados excelentes objetos de análise, tanto pela longa duração, como pela variedade dos eventos que marcam tal período da história brasileira recente. Marenco (2007) analisa, em perspectiva comparada, os fatores que levam à transição para a democracia no Brasil. O autor mostra que apesar dos 28 anos que separaram a implantação do regime autoritário do processo de consolidação da democracia brasileira, as instituições poliáquicas mostraram-se aptas a produzir estabilidade institucional. Arturi (2001) também considera a longa duração e o gradualismo da transição brasileira para o regime democrático como um caso excepcional para verificar a validade de algumas hipóteses a respeito da “terceira onda” de democratização, e procura relacionar o processo de transição no Brasil com a inflexão nas perspectivas analíticas sobre mudanças de regime político.
Ainda em relação à transição de regime político Sallum (1996) afirma que não deve ser estudada apenas como tal, porque ela está acoplada também a uma mudança de modelo de desenvolvimento. O movimento industrial, de Estado nacional-desenvolvimentista, que iniciou no Vargas e culminou em Geisel, entra em crise conjuntamente com a crise do antigo sistema político.
Ernesto Geisel, em 1974, assume o governo com intenção de inaugurar uma distensão “lenta, gradual e segura”, ou seja, um processo de descompressão política com o timing controlado pelos militares do regime.
Porém, alguns questionamentos são importantes para compreendermos alguns fatos ainda obscuros dentro do jogo político do processo de transição. Por que a oposição não insistiu na campanha por Diretas-já? Justamente porque os atores relevantes se deram conta de que poderiam ter chances no colégio eleitoral. Ulysses Guimarães permaneceu sozinho nesta tentativa de fazer campanha pelas Diretas-já, e posteriormente, aceitou a derrota em favor de Tancredo no Colégio Eleitoral.

Relacionados