Resenha do Livro Coronelismo Enxada e voto

- Coronelismo, enxada e voto - O município e o regime representativo no Brasil. Por Victor Nunes Leal. São Paulo, Editora Alfa-Omega, 1976. A obra de Vitor Nunes Leal, mesmo agora, no começo de séc. XXI se faz como uma importante obra para a interpretação da formação política do nosso país, ainda mais quando levamos em consideração o quanto são comuns ações de cunho patrimonialista, ou até “coronelistas” em algumas cidades e regiões do Brasil. Atentando para esse fato, é importante, localizar na obra de Nunes Leal o que ele conceitua como coronelismo, antes de mais nada:
...como resultado da superposição de formas desenvolvidas do regime representativo a uma estrutura econômica e social inadequada. Não é, pois, mera sobrevivência do poder privado, cuja hipertrofia constitui fenômeno típico de nossa história colonial. É antes uma forma peculiar de manifestação do poder privado, ou seja, uma adaptação em virtude da qual os resíduos do nosso antigo e exorbitante poder privado têm conseguido coexistir com um regime político de extensa base representativa. (LEAL, Victor Nunes. Coronelismo, enxada e voto - O município e o regime representativo no Brasil. 1976, p. 20) Aqui, entende-se por coronelismo o fato de que o bem material permeia a situação formal de poder, municipalizado. É a confusão do público e privado, a extensão dos poderes de cunho privado para a esfera política, pois, nela se localiza o jogo de fortalecimento progressivo do poder público usando de sua “posição social”. O coronelismo, tão presente na política brasileira em algumas regiões, tem sempre por base o clientelismo, ou a relação de devoção/gratidão que aqueles que vivem “tutelados” pelo coronel estabelecem com ele. Poderíamos relacionar em Weber com a dominação tradicional. Calcado nisso, o sistema de representação se sustenta com base na relação que se retroalimenta com princípio no poder – legal e material – do coronel e na possível ignorância de quem os mantém. Essa relação é