Resenha do capítulo "cultura: um conceito reacionário?", do livro "micropolítica", de félix guattari e suely rolnik

Resenha do capítulo Cultura: um conceito reacionário?, do livro Micropolítica, de Félix Guattari e Suely Rolnik
Conforme o autor, o conceito de cultura é reacionário, e é uma maneira de separar atividades semióticas, as quais são cortadas de suas realidades políticas. A cultura enquanto esfera autônoma só existe, afirma, a nível dos mercados de poder e econômicos.
Os modos de produção capitalísticos funcionam no registro dos valores de troca e também através de um controle da subjetivação, a qual Guattari chama de “cultura de equivalência” ou “sistemas de equivalência na esfera da cultura”. Desse ponto de vista, o capital ocupa-se da sujeição econômica, e a cultura, da sujeição subjetiva, essa sendo a própria essência do lucro capitalista.
Segundo o autor, a cultura de massa produz indivíduos normalizados conforme sistemas de submissão dissimulados, de forma que há um produção de subjetividade inconsciente, tanto individuada como social.
Guattari designa três sentidos que a palavra cultura teve no decorrer da História: A. cultura-valor (sistemas de valor distintivos; quem tem e quem não tem cultura); B. cultura-alma coletiva (níveis territoriais da cultura; a qual todos têm); e C. cultura mercadoria (produção e difusão de mercadorias culturais).
Para o autor, os três sentidos funcionam ao mesmo tempo, complementando-se; o duplo modo de produção da subjetividade, a industrialização da produção de cultura segundo os níveis B e C não renunciou ao sistema do nível A. Atrás dessa falsa democracia da cultura continuam os mesmos sistemas de segregação, e conservamos o antigo sentido da palavra cultura. A cultura não é apenas uma transmissão de informação cultural, uma maneira de as elites capitalísticas exporem o que Guattari chama de mercado geral de poder.
O autor considera necessário que os problemas da cultura saiam da articulação entre os três núcleos. A seu ver, não existe cultura popular e erudita, mas uma cultura capitalística dominante, que permeia todos os