Resenha do artigo: plano real: do sucesso ao impasse
BELLUZZO, Luiz G.; ALMEIDA, Júlio G. Plano Real: do sucesso aos impasses. Economia Aplicada, v.3, n. especial, 1999, p. 79-93. Este artigo trata inicialmente do colapso cambial e da crise monetária e sua influência nas experiências inflacionárias mundiais após 1979. Analisa a seguir a grande dependência da estabilização durante o Plano Real em relação aos financiamentos externos. Uma análise crítica da política de âncora cambial seguida no Brasil após 1994 é então incorporada ao texto. Argumenta-se sobre a inconsistência desta política cambial e da política monetária contracionista de juros altos. O Plano Real utilizou o mesmo método adotado pela maioria dos planos estabilizadores de preços do século XX: recuperação da confiança na moeda nacional, a âncora fora a estabilização da taxa de câmbio nominal financiada em moeda estrangeira e por um montante de reservas. Para isto, O autor observa o que foi necessário para entender como se deu tão rapidamente esta “desinflação”.
A situação fiscal e de dividas do setor público se matinha desde o período anterior, ou seja, o ajuste fiscal e de endividamento público fora feito antes. Em 1993 as contas registravam superávit primário e operacional e a dívida líquida total e imobiliária nunca havia sido tão baixa; Promoveu-se a conversão dos salários, em março de 1993, pela média e a criação de uma nova unidade de conta para onde seriam convertidos os salários, preços, contratos e também a taxa de câmbio, eliminando assim as “causas” da indexação; e em julho de 1994 com a conversão da moeda antiga em URV para a nova unidade monetária, o real.
O autor sustenta que tal sucesso só se deu a partir da “âncora cambial”: com o país passando de “doador de poupança” nos anos 1980 para “receptor de recursos financeiros” graças à deflação de riqueza mobiliária e imobiliária nos mercados globalizados. A situação de sobreliquidez dos