Resenha De Historia

TUDO QUE É SÓLIDO DESMANCHA NO AR
Marshall Berman, 1981

Neste brilhante ensaio contemporâneo e atemporal, Marshall Berman leva o leitor a uma viagem pelo século XIX, a fim de investigar o nascimento da modernidade na sociedade ocidental. Ele explora alguns dos modos como os autores do século XIX abordaram o processo da modernização e a utilizaram como fonte de energia e arte. E os cenários escolhidos para o estudo são nada menos que a elegante Paris de Baudelaire, a literária Petersburgo de Dostoiévski e a concreta Nova York de Moses. A Brasília de Niemeyer do século XX ganha espaço no prefácio do livro, que também introduz ao leitor o conceito do modernismo utilizado pelo autor: “qualquer tentativa feita por mulheres e homens modernos no sentido de se tornarem não apenas objetos, mas também sujeitos da modernização, de aprenderem o mundo moderno e de se sentirem em casa nele.”. (P11) Importante personalidade na literatura alemã, Johann von Goethe também aparece nas páginas do livro com a clássica tragédia de Fausto, escrita por ele no início do século XIX. Por fim, em “Tudo que é sólido desmancha no ar” Berman recupera o autor da célebre frase que dá título a seu livro: Karl Marx, e todo seu ideário modernista.
Um dos grandes símbolos modernistas na literatura mundial é sem dúvida a alegoria de Fausto. Escrito originalmente ao final do século XVI, o poema apresenta um homem comum medieval que anseia por desenvolvimento e liberdade, mesmo que custem sua própria destruição ou de seus semelhantes. Aqui, Fausto pode ser visto como uma personificação da sociedade moderna, a qual deixa a moral em segundo plano em função da religião do progresso. No entanto, observa-se que nos dias de hoje esse progresso encontra-se em declínio, como bem postulou Joan DeJean em seu artigo “Antigos contra Modernos”¹. É aí que o sujeito social lança a típica questão que perpassa por toda sua vida moderna: para onde eu vou? Os grandes pensadores e críticos do século