Resenha crítica

O texto Literatura como sistema, do autor Antonio Candido, debruça-se sobre como a literatura se configura na sociedade e promove uma discussão sobre a divisão entre manifestações literárias e literatura propriamente dita. Candido em momento algum pretende por em discussão a origem da formação da literatura brasileira, pois ele não está preocupado com a existência da mesma, e sim deseja nos apresentar a formação do sistema literário e como a literatura passou a ser inserida na sociedade. Em se tratando dos denominadores comuns que interligam um sistema de obras, Candido (1993, p. 23), comenta
Estes denominadores são além das características internas, [...] certos elementos de natureza social e psíquica, embora literariamente organizados, que se manifestam historicamente e fazem da literatura aspecto orgânico da civilização”. Entre eles se distinguem: a existência de um conjunto de produtores literários mais ou menos conscientes do seu papel; um conjunto de receptores, [...] sem os quais a obra não vive; um mecanismo transmissor, [...] que liga uns aos outros. A partir destes elementos citados é que se forma o sistema literário, e dessa forma a literatura começa a se fazer presente na sociedade, pois o autor acredita que somente a partir de um sistema configurado é que a literatura pode ganhar forma. O estudioso faz a distinção entre as manifestações literárias e a literatura propriamente dita, de modo que no texto podemos reconhecer esta distinção de ambas às partes, segundo Candido (1993, p.24), "Em fases iniciais é frequente não encontrarmos esta organização, dada a imaturidade do meio, que dificulta a formação dos grupos, a elaboração de uma linguagem própria e o interesse pelas obras”. No continuo processo de distinção, para se estabelecer o início de um sistema configurado, Candido (1993, p.24) apresenta que
Se desejarmos focalizar os momentos em que se discerne a formação de um sistema, é preferível nos limitarmos aos seus artífices imediatos,